sulcadas tão
lentamente
sensações
tão só esboçadas
e, logo,
esvaídas p’ra sempre
Perto, os
sons soam distantes
abafados sem
ressonância
como
perdidos errantes
o mundo todo
à distância
Não se
vislumbram as costas
embarcações,
objetos
sinalizações
dispostas
direções
dadas projetos
tão-só água
e a claridade
indecisa do
nevoeiro
falta a
força da vontade
haverá um
timoneiro?
de fundo, o
motor ronrona
na monotonia
ambiente
nos limites
do audível
espuma
escuma paciente
em ondulação
cadente
vontade de
adormecer
enfim
sossegadamente
as pálpebras
já a pender
o corpo todo
dormente
até que se
avista ao longe
entre brumas
vagamente
baço
contorno fabril
decrepitude
se esconde
numa chaminé
viril
desde as
eras mais longínquas
passava o
rio para sul
toda a alma
indesejada
pela urbe
sofisticada
enviada p’ró
esquecimento
exilada e
desterrada
num piedoso
banimento
da gente
civilizada
a tristeza
angustiante
de uma
sirene distante
reiterando-se
insistente
em
consonância dolente
com toda a
bruma envolvente
recorda todo
o passado
como pela
última vez
já tão
distante tão vago
memórias de
embriaguez
contorna os
baixios o barco
sem quase
notar-se a curva
não fora um
pouco mais espuma
na água inda
mais turva
embalado em
ondulante
e monótona
cadência
largo o
lastro do passado
despeço-me
da existência
irei ainda
durar
para fazer
descendência
tenho dívida
a pagar
p’la minha
sobrevivência
mas o poeta
tresloucado
guardarei
sempre em segredo
esquecido
obliterado
na vida
deste degredo
no resto da
duração
aceito
sereno o preço
liberto-me
de paixão
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