"O poeta morreu. Postumamente, se publicam os seus versos. (...) Maníaco sagrado, o poeta está próximo do xamã, do profeta e do louco, mas sem doutrina em que tenha de crer, nem divindades por que se deva deixar possuir, nem delírio a que esteja coercivamente submetido. Proclamador do patente que os outros ocultam ou evitam, ser poeta não é meio, mas princípio e fim."

domingo, 22 de novembro de 2020

Qualquer coisa em mim anseia por ser livre


Qualquer coisa em mim anseia por ser livre

anseia por andar e conceber

qualquer coisa que em mim vive

que não fui capaz de enterrar ou de esquecer

 

Qualquer coisa jaz subterrânea em mim

que impede a destruição letal

qualquer coisa que não deixa pôr um fim

na minha continuidade temporal

 

Qualquer coisa me coage e manipula

que não depende da vontade

e que esperar algo me estipula

 

Qualquer coisa me lança à alteridade

e instintivamente me estimula

a buscar encontrar outra metade



Joaquim Lúcio, O Jazigo do Poeta, Vol. II, abertura, p. 15.

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