Em momentos de quase vir a ser,
eu
me recomplico sobre mim,
torço
a alma como um trapo
mas,
prestes a conseguir,
interrompo-me
ou me interrompem a mim...
A
frustração de falhar sempre
e
de me ficar a revoltar,
ridiculamente
entre,
apanhado
com as cuecas na mão,
entre
tapar e mostrar,
em
vergonha de não saber o que fazer,
a
mais ridícula emoção,
flagrante
indefinição de se ser...
Falta-me
a paciência,
falta-me
a decisão,
falta-me
a persistência
e
a organização,
onde
a disciplina?
terei
algo a dizer?
o
que eu não estou a fazer
revela-se
mais importante...
–
tudo me fica a meio,
perdido
na irritação
de
nada me ser bastante
–
preguiça ou dispersão.
Quem
me dera ser outro enfim...
Sou
inquilino de mim:
entre
o desejo de enganar o senhorio
e
a necessidade de receber a renda,
fujo-me
de me entender e perseguindo me policio...
–
Haverá alguém que me entenda?
Entender-me-ei
eu a mim?
Será
toda a gente assim?...
O
outro igual ao que eu sou!?
Em
desejos de ser outro,
eu
sinto-me quase a ser,
mas
falha-me sempre o encontro,
fico-me
sempre em não ser,
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