"O poeta morreu. Postumamente, se publicam os seus versos. (...) Maníaco sagrado, o poeta está próximo do xamã, do profeta e do louco, mas sem doutrina em que tenha de crer, nem divindades por que se deva deixar possuir, nem delírio a que esteja coercivamente submetido. Proclamador do patente que os outros ocultam ou evitam, ser poeta não é meio, mas princípio e fim."

domingo, 24 de janeiro de 2021

Defronte ao homem está o caos

 

Defronte ao homem está o caos,

multidões de significantes possíveis.

Na torrente infinda não há vaus,

os rumos não são inteligíveis.

 

Indeciso na encruzilhada infinita,

sobretudo se põe e repõe uma questão:

Há que encontrar uma trilha

ou é o errante que cria a direção?

 

Mas não há trilho e qualquer direção

não progride para lá da própria sombra.

Além é sempre além, andar não leva à progressão,

todo o que procura não encontra.

 

Encontrar o que se cria, criar o que se encontra,

tornar-se o que se é, o mundo,

o sentido dá-se, o sentido cria-se.

Do sentido, seu sentido, o mistério mais profundo.


Joaquim Lúcio, O Jazigo do Poeta, Vol. IV, petrificação, p. 238

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